terça-feira, 5 de agosto de 2014

[ENTREVISTA] Nicolas Tonsho - FANTASPOA

No final do mês de julho ocorreu a "Mostra Fantaspoa Revisitado", em Porto Alegre, e o Mezanino de Cinema esteve lá para conferir esse excelente "rebot" do Fantaspoa... aproveitamos e fizemos algumas perguntas para um dos criadores do evento: Nicolas Tonsho, que foi super atencioso com a gente. Confira abaixo a breve entrevista: 

1 - Vocês são considerados por muitos, o melhor festival de cinema fantástico no nosso país. De onde surgiu a ideia de um festival de filmes de terror e como é já estar em sua décima edição - em breve em sua décima primeira - à todo vapor?
A ideia surgiu após participar de vários festivais de cinema e perceber que todos esses eventos, embora não se dedicassem especificamente a nenhum gênero, não davam espaço para filmes de gênero fantástico. Também, observou-se que existem muitos festivais de cinema importantes no mundo dedicados somente ao fantástico (alguns deles, como o Brussels International Fantastic Film Festival, na Bélgica, e o Sitges International Film Festival, na Espanha, figuram entre os mais importantes eventos de cinema de seus respectivos países). Ah, lembrando que o Fantaspoa não é dedicado apenas ao cinema de horror: a gente é fã de cinema em geral, e tenta diversificar ao máximo a programação do festival. A programação é feita com muito cuidado, sempre tentando colocar no mesmo horário filmes de diferentes gêneros. Como utilizamos nos últimos anos quatro salas de cinema e os horários de início das sessões são os mesmos, dá ao interessado uma variedade grande de opções. Portanto, embora muita gente ache que é só filme de horror e que o Fantas do nome remete a fantasma, eu considero a programação do Fantaspoa muito mais abrangente que os festivais de cinema supostamente generalistas – que, se se analisar bem, priorizam muito obras de drama.
Às vezes, eu não me dou conta de que são dez anos, ou de quanto tempo isso realmente significa. Toda a trajetória do Fantaspoa foi bem difícil, mas seguiu de uma forma bastante natural. Então, embora eu tenha noção de que realizar dez edições de um festival realizando ininterruptamente todo ano é algo um tanto difícil, a impressão que tenho é a de que foi ontem que tudo começou. No entanto, eu tenho muito orgulho e reconheço que o evento cresceu de uma forma incrível, muito mais do que a gente imaginou em qualquer momento. Relembrar que tivemos gente do calibre de Stuart Gordon, David Schmoeller, Claudio Simonetti, Luigi Cozzi, Ruggero Deodato, Lamberto Bava, Frank Henenlotter, Simon Boswell, Lloyd Kaufman, entre outros, aqui em Porto Alegre é incrível. Ainda mais é ver os diretores que vieram ao evento e se conheceram aqui se encontrando em outros festivais de cinema e nos mandando fotos: isso me faz pensar que o Fantaspoa está plenamente integrado a um circuito de importantes festivais de cinema fantástico do mundo.

2 - Qual é o retorno que vocês tem do público - fãs do cinema fantástico - e dos profissionais envolvidos nos trabalhos exibidos?
Antes de tudo, eu gostaria de citar que já participamos de muitos festivais de cinema e sempre conversamos com muita gente que participa de festivais assim. Em geral, nós tentamos perceber os aspectos que nos desagradam nos outros eventos para deixar o Fantaspoa o mais próximo do que seria a nossa experiência ideal em festival de cinema. Então, aspectos como 1) ter o circuito exibidor formado por salas muito próximas geograficamente; 2) ter todas as sessões iniciando no mesmo horário; 3) ter um cuidado com a qualidade de exibição; 4) disponibilizar a ferramenta Minha Lista no nosso site; são resultado de todas essas experiências com festivais. Obviamente, o nosso foco maior é na seleção da programação do festival, mas acredito que esses detalhes operacionais melhoram - e muito - a experiência dos participantes.

E acho que nós temos um retorno positivo do público quanto a isso: todos os anos, o público do Fantaspoa aumenta – e esse é o festival de cinema que mais tem espectadores aqui na cidade. Acho que isso é um bom parâmetro para inferir que a resposta do público é boa, além de nossas próprias observações de encontrar anualmente nesse período as pessoas que a gente só vê nessa época do ano. O nosso público é bastante fiel, e inclusive tem gente que tira férias do trabalho só para poder acompanhar bem o evento – o que é um ótimo retorno para nós, que trabalhamos durante quase um ano para preparar uma edição. 

Eu não me recordo de ter recebido um feedback negativo de algum profissional que esteve aqui. Claro que isso não quer dizer que ninguém foi embora insatisfeito na história do evento, mas confesso que duvido um pouco disso. Nós sempre nos esforçamos para criar um clima muito família com o pessoal, e muita gente nos diz que é um dos melhores festivais de cinema que participaram. Um evento que é uma grande referência para nós é o Fantastic Fest, no Texas, principalmente pelas atividades que promove, que visam bastante a integração dos espectadores entre si e dos espectadores com os artistas. É o tipo de experiência que procuramos proporcionar aos nossos convidados. O curioso é que alguns diretores que tivemos como convidados já comentaram que adoram o Fantastic Fest e que veem muita semelhança com o Fantaspoa, em termos de experiência.

3 - Vocês já exibiram filmes de diretores como Joel Caetano, Peter Baiestorf e Rodrigo Aragão. Quais são os outros diretores nacionais que estão surgindo no cenário e que merecem destaque?
Bom, tem o Paulo Biscaia Filho, a Juliana Rojas, o Marco Dutra, o Felipe M. Guerra, o Kapel Furman, que são mais veteranos e já fizeram longas. O Raphael Borghi, o Armando Fonseca, a Cíntia Domit Bittar, o Lucas Sá, o Rafael Duarte, a Taísa Ennes Marques, o Felipe Iesbick, o Carlos Gananian, o Fernando Sanchez, o Dennison Ramalho, o Alê Camargo, o Wesley Rodrigues e o Gabriel Garcia são alguns artistas que fizeram curtas-metragens excelentes (que passaram no Fantaspoa) e que eu sempre torço para que façam mais filmes. Possivelmente um longa-metragem.


4 - Um atrativo à parte do Fantaspoa são justamente as oficinas oferecidas (nesse ano fora oferecida, inclusive, oficina de maquiagem e efeitos com o ótimo James Sizemore), como surgem as propostas de oficinas?
Nós sempre tentamos aproveitar os convidados que temos na edição. Aí, tentamos aliar o interesse dos profissionais em ministrar cursos e suas respectivas especialidades com o que nós consideramos ser mais interessante para o público.

5 - Por fim, vocês realizaram uma mostra super especial no final desse mês (julho), a "Mostra Fantaspoa Revisitado". Qual a proposta dessa mostra e como é feita a curadoria?
Como o festival é composto por muitos filmes, e cada obra é exibida no máximo duas vezes, é impossível que uma pessoa veja tudo nos 17 dias de evento. O objetivo é exibir principalmente as obras vencedoras de prêmios da edição, e alguns filmes que são os nossos favoritos, basicamente. Quando há a ausência de algum filme vencedor na programação da mostra, é porque não conseguimos liberação para tal.  

Lembrando a todos que logo logo acontece a primeira edição do Festival de Cinema Universitário de Porto Alegre - dos mesmos realizadores do Fantaspoa - e que as inscrições já estão abertas (e vai até o dia 15 de setembro!).
Caso queira inscrever seu curta-metragem acesse o SITE DO FESTIVAL e confira a ficha de inscrição. 
Até a próxima!

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