segunda-feira, 14 de julho de 2014

"O espelho" do marasmo

"O Espelho" (dirigido por Mike Flanagan) é uma das apostas do cinema de terror mainstream de 2014. O filme que é produzido pelos mesmo produtores de Insidious (o qual teve sua segunda parte lançada final do ano passado, sendo um dos melhores títulos daquele ano) e Atividade Paranormal, chega como novidade mas acaba pecando no excesso e se torna mais do mesmo. Mas, vamos a sinopse: "Tim (Brenton Thwaites) e Kaylie (Karen Gillan) são dois irmãos traumatizados pela morte inexplicada dos pais. Quando Tim sai de um hospital psiquiátrico, após anos internado, ele tem certeza de que a causa da tragédia familiar é um grande espelho que acompanha a família há séculos. Cercados por fenômenos paranormais, os dois tentam provar que o objeto é o verdadeiro responsável pela sangrenta história de seus ascendentes."

Tanto o nome do filme, aqui no Brasil, quanto a sinopse se demonstram um tanto genéricas e redundantes - não esquecemos a bomba "Espelhos do Medo" de 2008 -  não provocando empolgação alguma para quem possui um repertório pouco variado. Uma pena, pois o longa de fato tinha potencial, seja com a direção eficiente, no próprio sentido da decupagem com planos interessantes dentro do que o filme permite, ou com a construção do vilão - o próprio espelho - que funciona e se faz presente sem cansar o espectador, e sem cair no marasmo do "espelho que mata". Com cenas originais e interessantes o filme se inicia como bom entretenimento, mas o encanto não dura muito.

O único cartaz bom do filme.
Com a proposta interessante de intercalar o filme ora com flashbacks ora com imagens no presente, de forma que as ações do passado dialoguem e interfiram diretamente no atual (artifício já utilizado em Insidious 2, convenhamos), o filme se perde na metade (pela repetição da montagem) de forma que você não se interessa mais pelo desenrolar dos fatos, desde que chegue ao final logo. Os 104 minutos de duração soam muito mais que uma hora e quarenta e quatro, parece uma eternidade com pouco, muito pouco, terror de fato. Outra característica irritante do filme é a ambiência nos momentos de suspense, uma repetição de notas que se faz presente do primeiro a último minutos - sendo que os créditos finais sobem ao som da mesma maldita ambiência - faz com que até os menos acostumados a prestar atenção em tais detalhes, sintam uma irritação prévia.

Algumas cenas inclusive se tornam risíveis, de forma literal (com toda a plateia do cinema rindo) em momentos que supostamente deveriam causar o "frisson do terror" (vide a famosa cena da lampada/maçã, que aparece no trailer oficial, e é basicamente o único momento de terror no filme). Aliás, todos os plots interessantes se dão na primeira metade do longa, depois o tédio toma conta.

Apesar de tudo isso, confesso que o filme agrada mais do que o esperado, pela linguagem cinematográfica polida que o diretor apresenta, principalmente. Pois havia (eu), de fato, comprado o ingresso para falar mal do mesmo com "propriedade". O filme não funciona - o maior problema é tentar fugir da redundância e acabar caindo nela pelos argumentos mais básicos do roteiro - mas não é de todo ruim. Um bom entretenimento para sua quarta-feira à noite... Quarta-feira, pois sábado é dia de assistir filme bom.

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