quarta-feira, 11 de março de 2015

Crítica - Renascida do Inferno

Sendo o último título da Blumhouse (produtora de terror com maior reconhecimento na atualidade), Renascida do Inferno é, literalmente, o pior título da mesma até então. Dirigido por David Gelp – o qual nunca tinha dirigido nada relevante, apenas alguns documentários televisivos (incluindo um documentário sobre “Ensaio Sobre a Cegueira”) - o filme se perde e afunda naquilo que até então era uma premissa interessante.

Fugindo do enredo dos títulos atuais, Renascida do Inferno (o nome em português trata-se de um spoiler significativo, aliás) conta a história de um grupo de cientistas que trabalha em uma fórmula capaz de trazer alguém da morte, ressuscitando animais que acabaram de morrer. Acontece que em um acidente no laboratório, uma das cientistas é eletrocutada e seus colegas decidem trazê-la de volta à vida através do mesmo procedimento. Contendo um elenco formado por jovens atores que aos poucos se firmam no cenário cinematográfico, dentre eles os ótimos Olivia Wilde (Dr. House) e Evan Peters (American Horror Story), o filme inicia-se bem e cria uma atmosfera envolvente (vale à pena destacar que seus créditos iniciais é um dos mais interessantes do ano) – apresentando elementos narrativos que nos remetem à filmes como Cujo e Hellraiser (clássicos do cinema de terror oitentista) e introduzindo uma sucessão de fatos que o mantém estável e com roteiro coeso... Até a chegada de seu plot twist.

Cartaz sueco promocional do filme Cujo
Todo suspense se demonstra efêmero assim que a trama principal se estabelece, ou seja, quando sua protagonista (Zoe, interpretada pela já citada Olivia Wilde) volta à vida, fazendo com que tudo no longa se torne caricato e de extremo mau gosto. A mise-èn-scene do mesmo, que até então já era mediana, agora simplesmente se tornar intragável. Não ocorre equilíbrio nas cenas, o jogo de câmera é confuso, espaço geográfico do cenário é totalmente não explorado, fazendo com que o espectador se questione o tempo todo de onde os personagens estão e o que está acontecendo (culpa atribuída principalmente ao diretor de fotografia – Michael Fimognari – que decide fazê-la com uma lente 50mm, mantendo seus enquadramentos muito próximos ao rosto dos atores). Exatamente todas as sequências de “suspense” são construídas com os mesmos artifícios: repetição dos gritos somada às luzes do laboratório se desligando. Não surtindo efeito nem em sua primeira cena, quiçá nas posteriores.

Still frame do filme Renascida do Inferno (2015)
Não foram poucas as vezes que risos tomaram conta da sala de cinema, um sentimento de frustração de tamanha magnitude que quando o filme se encerra, o alívio é geral. Blumhouse comprova a qualidade decadente de seus trabalhos que, desde Sobrenatural – Capítulo 2 (2013, James Wan), não lança nada coerente ou agradável. O único apelo que resta é para que David Gelb volte ao documentário televiso e nunca mais se aventure no terror.

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