Sendo o último título da Blumhouse (produtora de terror com
maior reconhecimento na atualidade), Renascida do Inferno é, literalmente, o
pior título da mesma até então. Dirigido por David Gelp – o qual nunca tinha
dirigido nada relevante, apenas alguns documentários televisivos (incluindo um
documentário sobre “Ensaio Sobre a Cegueira”) - o filme se perde e afunda
naquilo que até então era uma premissa interessante.
Fugindo do enredo dos títulos atuais, Renascida do Inferno
(o nome em português trata-se de um spoiler significativo, aliás) conta a
história de um grupo de cientistas que trabalha em uma fórmula capaz de trazer
alguém da morte, ressuscitando animais que acabaram de morrer. Acontece que em
um acidente no laboratório, uma das cientistas é eletrocutada e seus colegas
decidem trazê-la de volta à vida através do mesmo procedimento. Contendo um
elenco formado por jovens atores que aos poucos se firmam no cenário
cinematográfico, dentre eles os ótimos Olivia Wilde (Dr. House) e Evan Peters (American
Horror Story), o filme inicia-se bem e cria uma atmosfera envolvente (vale à
pena destacar que seus créditos iniciais é um dos mais interessantes do ano) – apresentando
elementos narrativos que nos remetem à filmes como Cujo
e Hellraiser (clássicos do cinema de terror oitentista) e introduzindo uma sucessão de fatos que o mantém estável e com roteiro
coeso... Até a chegada de seu plot twist.
Cartaz sueco promocional do filme Cujo |
Todo suspense se demonstra efêmero assim que a trama
principal se estabelece, ou seja, quando sua protagonista (Zoe, interpretada
pela já citada Olivia Wilde) volta à vida, fazendo com que tudo no longa se
torne caricato e de extremo mau gosto. A mise-èn-scene do mesmo, que até então
já era mediana, agora simplesmente se tornar intragável. Não ocorre equilíbrio
nas cenas, o jogo de câmera é confuso, espaço geográfico do cenário é
totalmente não explorado, fazendo com que o espectador se questione o tempo
todo de onde os personagens estão e o que está acontecendo (culpa atribuída
principalmente ao diretor de fotografia – Michael Fimognari – que decide
fazê-la com uma lente 50mm, mantendo seus enquadramentos muito próximos ao
rosto dos atores). Exatamente todas as sequências de “suspense” são construídas
com os mesmos artifícios: repetição dos gritos somada às luzes do laboratório
se desligando. Não surtindo efeito nem em sua primeira cena, quiçá nas
posteriores.
Still frame do filme Renascida do Inferno (2015) |
Não foram poucas as vezes que risos tomaram conta da sala de
cinema, um sentimento de frustração de tamanha magnitude que quando o filme se
encerra, o alívio é geral. Blumhouse comprova a qualidade decadente de seus
trabalhos que, desde Sobrenatural – Capítulo 2 (2013, James Wan), não lança
nada coerente ou agradável. O único apelo que resta é para que David Gelb volte
ao documentário televiso e nunca mais se aventure no terror.
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